(*) MARCIO BITTAR
O patrimônio político que represento não pertence mim nem a nenhuma
outra liderança. Pertence, sim, a milhares de anônimos que se sacrificam
pela vitória de nosso time. Pertence, enfim, a homens e mulheres que
não disputam cargos eletivos, mas que, nas eleições, saem de suas casas
com coragem inigualável e mostram sua cara, e fazem de tudo pela nossa
vitória.
Quantas pessoas ainda terão que sofrer, serem perseguidas e gastarem o
que não tem (e também o que não podem) para que possamos consertar
nossa rota e parar de quase vencer?
Quando defendo a unidade, não quero impor meu ponto de vista a
ninguém. Afinal, qualquer partido pode lançar uma chapa majoritária sem
pedir licença. Apenas peço que escutemos a nossa base principal, o
eleitor. E por que faço isso? Por entender que o sonho de fazer do Acre
uma terra próspera, com geração de riquezas e oportunidades
para milhares de despossuídos, não deve (e não pode) ser um projeto
isolado. Nosso desejo é acabar com o tempo de ataques e de desrespeito à
democracia. E esse também é o desejo daqueles que nos acompanham.
Dessa forma, tenho procurado (e não sem erros, reconheço) fazer minha
parte. E já dei demonstrações de fidelidade para concretizar sonhos
coletivos. Eis alguns exemplos. Não aceitei compor com Marina [Silva] a
chapa de 2002 para o Senado. Também não abandonei a chapa majoritária
quando, em 2010, não fui escolhido candidato a senador. E, no ano
passado, renunciei o desejo de ser candidato a prefeito da capital em
favor do nome de Bocalon. E agi dessa maneira para unir o partido.
Foi também com esse mesmo espírito de desprendimento que, nas
eleições de 2012, pedi, e assinei com os líderes de todos partidos,
documentos para garantir uma única candidatura em cada município. Ainda
ofereci o papel de condutor desse processo ao nosso senador [Sérgio]
Petecão, ato concretizado na presença do senador Aécio Neves, quando
este veio ao Acre. Na oportunidade, disse a ele [Petecão] que tal função
daria provavelmente ao senador a condição de candidatura única ao
governo em 2014.
Minhas ações em favor da unidade não pararam por aí. Tive papel
importante para evitar outra candidatura em Cruzeiro do Sul. Na cidade
de Tarauacá, por exemplo, cheguei a fazer intervenção para garantir o
PSDB no palanque do PSD. E em todas essas ocasiões sempre disse a meus
correligionários que era preciso deixar as portas abertas, tanto com o
PMDB quanto com o PSD, visando um possível apoio no segundo turno, o
que, no caso de Rio Branco, acabou acontecendo – e também para
viabilizar, após as eleições, as novas administrações com o apoio em
Brasília de um senador e de um deputado federal de dois grandes partidos
que integram a base de apoio da presidente Dilma Rousseff no Congresso.
Cabe ainda ressaltar que sempre recebi (e recebo) de braços abertos
todos aqueles que deixam o governo para somar conosco. Veio o Petecão e
eu, juntamente com o PMDB, o apoiei em 2008 para prefeito de Rio Branco.
E, depois, todos juntos, o apoiamos em 2010 para o Senado. Também
trabalhei (e sempre acreditei) a vinda do deputado Gladson [Cameli] e
seu PP para o nosso lado, o que, em 2012, acabou acontecendo. E será
bem-vindo o PDT, partido que esteve comigo nas eleições de 2002, 2004,
2006 e, agora, nas eleições municipais de 2012.
Recentemente, defendi o senador Petecão publicamente pela tentativa
dele de atrair o PSB. E, fiquem certos, continuarei de braços abertos e
sempre trabalhando para que outros partidos que hoje servem ao governo
do PT possam, a qualquer momento, vir a caminhar conosco.
Quem troca ofertas de cargos pelo sonho de um Acre próspero e com democracia será bem-vindo. Sempre.
Faço essa reflexão necessária num momento propício, isto é, quando o
nosso querido PMDB convida a todos para ir à sua casa conversar sobre o
presente e o futuro. Alguém pode pensar diferente de mim. Vou
respeitá-lo. No entanto, vou exercer meu direito de continuar
divergindo.
E, por fim, deixo patente que não incentivo nem aprovo o
posicionamento de ninguém do PSDB que seja desagregador. Sempre digo aos
prefeitos que eles têm obrigação de buscar o apoio de toda a bancada
federal e, principalmente do governo, não para discutir política
partidária, mas para assegurar condições de vida digna a todos os
munícipes e não somente para aqueles que o referendaram nas urnas.
Assim, juntos, sempre refletimos que os prefeitos, após eleitos,
representam a totalidade da população e não apenas um grupo de
eleitores.
Entendo, ainda, que quem pensa em governar o Acre, como é meu caso,
não pode se dar ao luxo de ir às urnas com as forças políticas
divididas. Por exemplo, divididos, dificilmente conseguiríamos eleger o
senador para a única vaga em disputa em 2014, e nem conquistarmos apoio
sem unidade. Mas, se de qualquer forma, a unidade não for possível, vou
continuar trabalhando para que, pelo menos, possamos nos entender
minimamente com vistas a um segundo turno e a uma governabilidade
futura. Essa será minha contribuição para o debate político que está
posto.
Em tempo: as frases iniciais da presente reflexão são de autoria do
senador Petecão. Fiz questão de reproduzi-las por concordar inteiramente
com elas.
(*) Deputado federal, presidente da Executiva Regional do PSDB e primeiro secretario da Câmara dos Deputados.
Fonte : Marcio Bittar.
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