O primeiro debate realizado no segundo turno entre os candidatos a prefeito de Rio Branco, Marcus Alexandre (PT) e Tião Bocalom (PSDB), mostrou a repaginação dos adversários nesta reta final da campanha. O petista paz e amor do primeiro turno, que se apresentava sempre como a vítima das “baixarias da oposição”, desta vez teve uma postura mais agressiva com o outrora “furioso” Tião Bocalom.
Quem acompanhou o debate percebeu desde o começo que o objetivo de Marcus Alexandre era desqualificar e desidratar o adversário tucano. As constantes perguntas sobre a passagem de Bocalom pela prefeitura de Acrelãndia, palavra banida do vocabulário do PSDB, mostram a tentativa do petista de fazer com que o adversário evocasse o município.
Marcus Alexandre sabe que as constantes citações de Acrelândia por Bocalom foi um dos motivos para seu desgaste no primeiro turno. Municiado com informações sobre a gestão do adversário no município vizinho, o petista apontou as falhas, citando por exemplo o “elefante branco” do parque industrial de Acrelândia, as 12 ruas asfaltadas em 10 anos de gestão e os ramais da zona rural que continuam sem asfalto.
Com números em mão, apontou a inviabilidade do projeto do oponente de distribuir cinco mil lotes urbanizados para famílias carentes, apontada como “promessa eleitoreira”.
Marcus Alexandre recorreu ao “efeito Serra” para enfraquecer o tucano. O petista tentou ligar a imagem de Bocalom ao candidato a prefeito de SP pelo PSDB, José Serra, que está em queda nas pesquisas. Um dos motivos é sua renúncia à prefeitura da capital paulista em 2006 para disputar o governo. Alexandre questionou até que ponto o eleitor teria a garantia de que Bocalom não deixaria a prefeitura para o pleito de 2014.
Marcus Alexandre cometeu um deslize ao dizer que o preço da passagem de ônibus em Rio Branco é justo. Para uma população pobre como da capital, R$ 5 diários faz muita falta no orçamento familiar.
Como candidato de oposição Bocalom se saiu bem. Mostrou os defeitos da atual gestão e perguntou a razão de seu adversário apresentar propostas de problemas enfrentados há tempos pelos rio-branquenses, mas nunca solucionados pelo PT. Comparou sua biografia com a do adversário, mostrando que três mandatos de prefeito renderam várias inspeções dos tribunais de contas sem nunca responder a um processo.
Apresentou-se como o candidato ficha-limpa. “Ao contrário de você [Marcus Alexandre] que responde a processos e é investigado pela Polícia Federal”, afirmava ele; o petista voltou a negar as acusações. Bocalom apontou os recursos federais enviados para saneamento básico que, segundo ele, tomaram doril, aquele remedinho famoso que elimina todas as dores. O tucano ressaltou suas vantagens de ter como parceiro o PMDB, o partido do vice-presidente Michel Temer e o PP, que comanda o Ministério das Cidades.
No mais o debate seguiu seu curso normal, não tendo vencedor nem perdedor. Cada um conseguiu neutralizar o ataque do oponente. O debate refletiu a polarização das duas candidaturas desde o primeiro turno, quando um mirava o outro na tentativa de desprestigiá-lo diante do eleitor, com as propostas de ambos os lados ocupando papel coadjuvante. No final, Bocalom e Alexandre voltaram a se abraçar e desejaram boa sorte até o domingo de eleição, quando os rio-branquenses proferirão a sentença.
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