A coluna política “Bom Dia”, da edição do Jornal A Tribuna deste domingo, 19, revela que a Operação G7, da Policia Federal que foi executada no dia 10 deste mês ficou pronta em agosto do ano passado, véspera das eleições municipais. Nas notas, a coluna destaca que a Frente Popular do Acre teve muita sorte, “porque se a justiça tivesse tocado a Operação G7 naquele mês, perto das eleições, talvez Marcus Alexandre não fosse hoje o prefeito de Rio Branco”.

“Quem tem padrinho forte não morre pagão”. Este dito popular se encaixa perfeitamente na concessão do Habeas Corpus de Tiago Viana, sobrinho do governador Sebastião Viana e do senador Jorge Viana, ambos do PT. Acusado de participar de uma quadrilha que desviava dinheiro do Sistema Único de Saúde (SUS), o membro do clã Viana, que domina a política do Acre há 14 anos, foi o único dos 15 presos na Operação G7, desencadeada pela Polícia Federal, que conseguiu a liberdade numa manobra jurídica no Superior Tribunal de Justiça (STF).
Mesmo ocupando o cargo de diretor de Análises Clínicas da Secretaria de Estado de Saúde do Acre, o sobrinho do governador do Acre é apontado nos diálogos das interceptações telefônicas autorizadas pela Justiça, como possível sócio de uma empresa que “laudava” exames para a Secretária de Saúde do Acre. A liberdade de Tiago Viana pode ter custado caro aos irmãos Viana, que teriam usado de sua influência política para tirar da cadeia o elo que os liga aos supostos crimes cometidos por secretários de Estado, servidores públicos e empreiteiros.
A soltura de Tiago Viana foi determinada em liminar pela ministra Maria Thereza de Assis Moura, que chegou ao cargo no dia 9 de agosto de 2006, após ser escolhida numa lista sêxtupla pelo então presidente da República Lula (PT), amigo dos também petistas, Sebastião e Jorge Viana. A ministra deferiu o Habeas Corpus impetrado pela defesa de Tiago Viana, feita pelo advogado Rodrigo de Bittencourt Mudrovitsch, do Mudrovitsch Advogados, banca de advogados que atua na capital do poder, Brasília.
A manobra que deu a liberdade ao biomédico e apadrinhado dos homens mais poderosos do PT foi costurada pelas mãos de duas famílias que ocupam cargos de expressão na máquina pública estadual.
Parafraseando o poeta Carlos Drummond de Andrade, Sebastião gostava de Valdirene que amava Mâncio que venerava Jorge que amava Tiago que era muito amigo de Rodrigo. E assim começa uma das histórias de influências mais poderosas do Estado do Acre.
Tião_padrinhos_ABRE
O organograma da liberdade de Tiago Viana passou pela influência do tio senador, Jorge Viana (amigo e companheiro de Lula), do tio governador que teria contratado no primeiro momento, o advogado Rodrigo Ayache, filho do secretário de Fazenda, Mâncio Lima Cordeiro, que por sua vez é marido da desembargadora Waldirene, do TJ Acre.
A decisão liminar que concedeu o Habeas Corpus ao acusado Tiago Viana demonstra a força e o peso político dos irmãos Viana, com as principais lideranças petistas nacionais que dão as cartas em Brasília, além de moverem céu e terra para defender os seus filiados ilustres acusados de corrupção. Apesar da força dos padrinhos de Tiago Viana, ele teve a prisão preventiva substituída pela proibição de frequência à Secretaria de Saúde do Estado do Acre, o que pode ser um indicativo que o jovem Viana não se livrou dos rigores da Justiça.
Apesar de não dá as cartas na Justiça em nível nacional, o governador Sebastião Viana estaria seguro de uma vitória num julgamento em nível de Acre, já que nos dois anos de seu mandato nomeou dois desembargadores de sua confiança. O primeiro nomeado é o desembargador Roberto Barros, que preside o TJ Acre. O governador nomeou ainda a esposa do seu secretário de Fazenda, Mâncio Lima Cordeiro, a desembargadora Waldirene Oliveira da Cruz Lima Cordeiro, o que em tese garantiria certo conforto ao gestor do Poder Executivo.
Ao entrar no mérito do pedido de prisão, a ministra nomeada pelo ex-presidente Lula afirma que as acusações contra Tiago Viana se destacam das dos demais envolvidos na operação da PF porque envolve a Lei 8.666/1993, a Lei de Licitações. Diz a PF que Tiago Viana favoreceu empresas em processos de licitação pública. A decretação da prisão preventiva, do TJ do Acre, se baseia nos artigos 90 e 96 da lei. Só que, segundo a ministra Maria Thereza, a reprimenda para essa conduta é a de “detenção” e só depois da condenação.
Os demais acusados no suposto esquema de fraude de licitações de obras públicas e desvio de recursos do SUS, não tiveram a mesma influência e força política para se safar da prisão provisória e continuam encarcerados na Papudinha. Tiago Viana é um exemplo de que o dito popular que fala: “quem tem padrinho forte não morre pagão” não é apenas uma simples metáfora, mas que na prática, quando se trata de parente dos políticos mais influentes do Acre, ele é seguido e cumprido ao pé da letra. Parafraseando o presidente Lula, nunca antes na história do Acre se viu tanta força política ser usada para garantir a liberdade de um parente.
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